Anjos


sexta-feira, 11 de junho de 2010

Soneto de Separação


      De repente do riso fez-se o pranto
      Silencioso e branco como a bruma
      E das bocas unidas fez-se a espuma 
      
      E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

      De repente da calma fez-se o vento
      Que dos olhos desfez a última chama
      E da paixão fez-se o pressentimento
      E do momento imóvel fez o drama.
      

       De repente, não mais que de repente
       Fez-se triste o que se fez de amante
       E de sozinho o que se fez contente
    
      Fez-se do amigo próximo o distante
      Fez-se da vida uma aventura errante
      De repente, não mais que de repente.

                Vinícius de Moraes

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